Ultimamente as discussões sobre a necessidade e importância
das cotas universitárias têm intensificado. Muitos criticam essa medida,
alegando que ela não resolve o problema do acesso a universidade para os mais
desfavorecidos. Certamente não resolverá um problema enraizado há tempos na
sociedade brasileira, todavia momentaneamente elas podem auxiliar a melhorar a
situação, já que, combater desigualdade com justiça só deixaria as coisas ainda
mais desiguais.
Para entender a necessidade das cotas precisamos voltar 300
anos em nossa história e analisar a herança que o período escravista deixou em
nosso país. Aliás, para entender todo contexto social atual esta análise se faz
importante.
A escravidão no Brasil foi uma das mais longas do mundo,
durando 359 anos, desde a colônia ao fim do Império. Por muitos anos, o
sustento da economia brasileira, baseada na agricultura, era o trabalho
escravo. Todavia ,com a Primeira Revolução Industrial tornou-se necessidade
expandir o mercado consumidor, escravo não consumia e isso precisou ser mudado.
A Inglaterra, pioneira na industrialização começou a pressionar o governo
brasileiro para abolir a escravidão, porém não era desejável aos cafeicultores,
e demais produtores agrícolas perder mão de obra. Como paliativo foram criadas
leis como: Eusébio de Queiroz libertava escravos acima de 60 anos, idade
raramente atingida por eles; Ventre Livre fazia livre todos os filhos de
escravas nascidos a partir da promulgação.
Só em 1889 que uma lei para libertação dos escravos foi
assinada e aprovada, a Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel. Porém não
resolveu o problema dos negros no país, já que ao invés de serem empregados nas
fazendas onde trabalhavam eles foram expulsos e tiveram de encontrar uma
maneira de sobreviver. Muitos foram para as cidades e começaram a se instalar
em lugares afastados e desvalorizados, como os morros e assim formaram-se as
comunidades, até bem pouco conhecidas como favelas. O preconceito era bem maior
do que hoje, esses lugares se tornaram marginalizados e essa visão permanece na
atualidade.
A exclusão não se restringiu apenas aos negros também a
camada mais pobre da população, que por anos da nossa história não teve digno
acesso aos serviços básicos, como saúde e educação. Ainda hoje essas coisas não
chegam a toda à população e minoria que consegue usar dos serviços públicos se
deparam com ineficiência e incompetência.
Em meio a essa situação as cotas se fazem necessárias, para
tentar consertar anos de exclusão social. Claramente elas não resolveram o problema,
é preciso muito mais. Reformas no
sistema público de educação são o básico para iniciar uma mudança. As pessoas
que são contra as cotas, em sua maioria, não conhece a realidade de um colégio
público e da exclusão social da população negra, precisamos tentar olhar a
realidade por outros pontos de vista, ser solidários aos problemas do outro.
Assim poderemos construir um país melhor.
Concordo plenamente que as cotas são uma forma de corrigir antigas injustiças sociais e adiciono mais um fato: hoje a imagem do universitário brasileiro é de um jovem branco, de cabelos lisos, loiros e que anda de carro pra lá e pra cá, as cotas são uma forma de por o jovem negro e marginalizado até então sem perspectivas dentro da universidade, desconstruindo esse estereótipo! Acredito também que as pessoas que não apoiam as cotas não só não entenda a realidade da das pessoas pobres como se encaixa ou já se encaixou nesse perfil, além de não reconhecer eu as pessoas negras do nosso paìs sofrem um preconceito muito maior do que elas imaginam!
ResponderExcluir