domingo, 23 de novembro de 2014

Irritante Educação

Ao derredor esta tudo inexplicavelmente alterado,
nada é como já foi e essa mudança jamais será compreendida.
Falamos e falamos e as palavras não significam nada, perderam-se
da linha, agora não passam de boas rimas ensaiadas, professadas 
apenas pela velha e irritante "educação", que nos obriga a não largar
de mão e fingir uma conversa animada.

Tão hipócritas nos tornamos, questionavamos a falsidade e, agora
pela obrigação inventada, somos falsos um com o outro.
Infelizmente assim é todo ser humano, incapaz de enfrentar o incomôdo que criou,
segue a vida atuando e finge pra si mesmo que nada mudou.

Só que não se vive sempre no palco, toda a atuação se finda, é ilusão,
é distração. Se a vida é isso, não é vida, é novela de televisão.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Eterna Sobriedade

Segue a vida, às vezes lento o tempo passa,              
mas a mente permanece veloz, indo além do imaginado.                                                                            
Viaja em ondas sonoras e feixes de luz,                                                                                                   
leva a alma a saltar em ideias e emoções que nunca existirão fora dela.

Essa mente é livre, é leve, não há correntes capazes  mente,                                                                      
lhe prender, não há sobriedade que possa por um segundo lhe deter.                                                     
Vive em êxtase, flutuando no doce irreal que é sonhar. 

Tal mente de tão independente já é um ser.                                                                                          
Criou um mundo só seu, uniu o Cristo Redentor e o Coliseu em um mesmo lugar,                                       
seu lugar.                                                                                                                                             
Entre o concreto e o abstrato insiste em navegar,                                                                     
vira e mexe esta no céu, logo depois no mar.

Só essa mente sabe viver, como nenhuma outra,
se encontra só, na embriaguez da sua eterna sobriedade.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A Pequenina


Um belo dia de sol, amanhecer esplendoroso, poucas nuvens ousam manchar os céus. O verde vivo das folhas nas árvores fica nítido ao brilho dos raios desse sol, só existem motivos para felicidade. Em uma árvore com algumas dessas folhas verdejantes um simples e belo bentevi fez seu ninho à alguns dias, já era tempo e momento para os belos ovinhos eclodirem e trazerem ao mundo novos cantos.
O pássaro estava impaciente, sentia que a qualquer momento seus filhotinhos sairiam dali e ansiava por vê-los, saber como seriam, ensina-los a vida de passarinho, os cantos mais lindos da floresta. Não precisou esperar muito, olhando os ovinhos viu que um deles parecia estar rachando, ficou eufórico, quis ajudar, mas também ver até onde aquele novo serzinho poderia ir nos seus primeiros momentos de vida fora de sua proteção maternal. Aguardou e não se decepcionou, logo o bichinho consegui por pequena cabeça pra fora e soltar um pequeno ganido que encantou a sua amável mãe.
Seguindo este o outro ovo começou a querer eclodir, após ajudar o primeiro filhote o amável bentevi logo voltou-se para  ele. Todavia o segundo filhote, ainda dentro de sua mais pura proteção, parecia não conseguir o mesmo êxito em libertar-se daquilo como o primeiro teve, o que deixou uma preocupação natural no ar. Ligeiramente o tempo passa e nada do segundo filhote conseguir sair de sua casca. Em um desespero de pensar que seu filhotinho não sairia nunca dali a mãe mais que rapidamente e já incontrolável em suas ações começou a bicar com rapidez o ovo até que viu a pequenina. Sim, era uma menininha, se assim podemos dizer.
Tranquilamente seguem os dias após o episódio do nascimento complicado, os dois filhotes vão crescendo perfeitamente saudáveis. Não demora muito e chega o dia dos novos passarinhos aprenderem a voar para assim completarem o ciclo sendo então independentes. A mamãe bentevi estava feliz, porém preocupada, tinha medo por sua filhinha, tão jovenzinha que não conseguiu sair do ovo ao nascer, pensava que talvez ela não conseguisse voar, que não pudesse bater as asas no ritmo certo para alçar um voo, que se fosse assim cairia em um abismo, não queria isso.
Na hora das aulas de voo, os dois filhotes estavam a animados, o macho era um pouco maior aportava-se na ponta do ninho ponto a saltar, sentindo que era capaz de qualquer coisa, a fêmea, pequenina e delicada continha sua animação, mas desejava muito ver e saber tudo o que sua experiente mãe tinha para lhe ensinar. Tomada por um medo infantil e sem poder adiar mais tudo aquilo a mãe decidiu por algo radical, disse a sua jovem filhinha que esta ainda não estava pronta e deveria esperar um pouco mais para a prender a voar. A pequena ficou triste, mas não contestou a mãe, ficou por assistir as aulas do irmão, desejando estar no seu lugar.
Em poucos dias o macho já voava feliz, buscava seu próprio alimento, descobria a floresta, os animais, mas a pequena fêmea permanecia no ninho, a cada dia uma nova desculpa recebia de sua mãe para adiar por mais um ou dois dias suas aulas de voo.  A pequenina ficava a cada dia mais triste, pois admirava seu irmão e tantos outros pássaros voando entre os galhos, despencando e em seguida plainando nos céus e ela ali, não podia fazer o mesmo.
Algum dia desses, sem aparente motivo se cansou da situação, decidiu aprender sozinha, jogar-se no abismo, achava melhor o risco de cair a segurança de nunca se libertar. Sozinha no ninho, chegou a beira, olho pro chão, a distância era grande, sentiu um medo subir pela espinha chegando rapidamente a cabeça. Então olhou o céu e bem distante um pássaro a voar, foi decisivo, sem pensar mais jogou-se, por alguns segundos deixou-se sentir a doce sensação da queda e, logo, sem tardar decidiu bater as asas, foi natural, seguiu voo como se fizesse isso à muito tempo. Sua alegria foi enorme, disparou par a todos os cantos, subiu nos mais altos galhos, desfrutou do que sonhava a tanto tempo, sentia que isso era o gosto da liberdade.
Não quis mais voltar, tinha medo de novamente ser presa por sua mãe. Só pensava em respirar aquela emoção, queria conhecer, viver tudo o que não pode naquele ninho o tempo todo resguarda pelo medo que nem era de todo seu.

E se foi, por entre vales e montanhas, planícies e planaltos. Os dias passavam e ela nem percebia, vivia feliz a cada nova sensação, as vezes imaginava voltar, dizer a sua mãe que estava bem, no mesmo instante vinha o medo, lembrava do tempo que ficara fora e não sabia como voltar. Sentia que não havia mais um caminho.