Dia normal,tarefa comum: Ir ao supermercado comprar
suprimentos para sobreviver a mais um mês. Entra no carrinho, batatas,
cenouras, beterrabas, arroz, feijão, banana, maçã, macarrão, oléo, sal, tomate,
azeite, alguma parte de um frango, outra de um boi, talvez uma de porco, vai
depender do humor.
E a tarefa segue assim, um pouco no automático, um pouco no
sentir. Dentre as muitas coisas já banais para todos nós, cotidianas, comuns e
nada mais que obrigação, por motivos não exatamente entendidos algo diferente
do nosso entendimento de comum chama atenção. Não importa o que possa vir a ser
pra cada um, um chocolate, uma fruta exótica, uma bala, etc. Geralmente é um
sentimento bom que o elemento diferente nos traz, um sabor, uma lembrança.
Certa vez, nessa tarefa cotidiana, algo simples tocou meus
sentidos e minha mente, alguns ovos de codorna. Em segundos veio na memória um
sabor, e em milésimos a lembrança da ultima vez que me deliciara com ele. Não
sós, ao molho rose, deliciosamente simples. A simplicidade gastronômica se opõem
ao valor sentimental do momento e da companhia do dia quase chuvoso, mas
radiante em que comia esse tão conhecido petisco.
Em meus devaneios fico a questionar se somente nós humanos
temos essa conexão com os elementos a nossa volta, nem tenho certeza se conexão
seria a palavra certa, mas é o que tenho por hora. Formamos um vínculo memorial
e sentimental com pequenos elementos, seja
o que for, damos a ele significado. Pode ser algo coletivo como as
peregrinações, colocar o santo de cabeça pra baixo no copo d’água, ou
individuais, como meu bem estar por saborear um simples alimento que talvez a
outros passasse como nada mais que banal, assim como o contrário.
Algo é perfeitamente certo, é impossível passar por esse
mundo completamente alheio as pequenas sensações. Somos seres idealizadores, nostálgicos,
pequenas coisas nos trazem sensações antigas maravilhosas que queremos tanto
reviver, então materializamos em sabores, cheiros, sons que poderemos um dia
novamente sentir e dessa forma tocar aquele passado bom que não volta.
Sim... Exatamente isso. Parabéns pelo texto sensivelmente belo.
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