sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Sabores de Memórias

Dia normal,tarefa comum: Ir ao supermercado comprar suprimentos para sobreviver a mais um mês. Entra no carrinho, batatas, cenouras, beterrabas, arroz, feijão, banana, maçã, macarrão, oléo, sal, tomate, azeite, alguma parte de um frango, outra de um boi, talvez uma de porco, vai depender do humor.

E a tarefa segue assim, um pouco no automático, um pouco no sentir. Dentre as muitas coisas já banais para todos nós, cotidianas, comuns e nada mais que obrigação, por motivos não exatamente entendidos algo diferente do nosso entendimento de comum chama atenção. Não importa o que possa vir a ser pra cada um, um chocolate, uma fruta exótica, uma bala, etc. Geralmente é um sentimento bom que o elemento diferente nos traz, um sabor, uma lembrança.

Certa vez, nessa tarefa cotidiana, algo simples tocou meus sentidos e minha mente, alguns ovos de codorna. Em segundos veio na memória um sabor, e em milésimos a lembrança da ultima vez que me deliciara com ele. Não sós, ao molho rose, deliciosamente simples. A simplicidade gastronômica se opõem ao valor sentimental do momento e da companhia do dia quase chuvoso, mas radiante em que comia esse tão conhecido petisco.

Em meus devaneios fico a questionar se somente nós humanos temos essa conexão com os elementos a nossa volta, nem tenho certeza se conexão seria a palavra certa, mas é o que tenho por hora. Formamos um vínculo memorial e sentimental com pequenos elementos, seja  o que for, damos a ele significado. Pode ser algo coletivo como as peregrinações, colocar o santo de cabeça pra baixo no copo d’água, ou individuais, como meu bem estar por saborear um simples alimento que talvez a outros passasse como nada mais que banal, assim como o contrário.


Algo é perfeitamente certo, é impossível passar por esse mundo completamente alheio as pequenas sensações. Somos seres idealizadores, nostálgicos, pequenas coisas nos trazem sensações antigas maravilhosas que queremos tanto reviver, então materializamos em sabores, cheiros, sons que poderemos um dia novamente sentir e dessa forma tocar aquele passado bom que não volta. 

Um comentário:

  1. Sim... Exatamente isso. Parabéns pelo texto sensivelmente belo.
    http://diversidadeliteraria.wordpress.com

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